11 de dez. de 2024
“Asase ye duru - A guardiã da Floresta e da Vida”, criada pela artista paraense Mina Ribeirinha, e realizada em conjunto com a produtora de arte urbana Tinta Preta, chega para estampar o cenário de Belém. A obra foi selecionada pelo grupo curatorial da 1ª Bienal das Amazônias e está localizada no Edifício Nuno Álvares, na Travessa 1°de Março, esquina com Manoel Barata. A instalação artística conhecida como "empena" tem 49 metros de altura, é uma obra exclusiva para Belém, e está em fase final de produção.
Conhecidas como “empenas”, as paredes laterais de edifícios, sem janelas ou aberturas, são cada vez mais utilizadas como suporte para pinturas artísticas em espaços públicos. A Bienal das Amazônias entende a arte como elemento de transformação, por isso, uma de suas formas de atuação é a exposição de artes em espaços abertos, interagindo com a cidade, alcançando quem passa pelos locais e se colocando como ponto de referência de um determinado espaço urbano.
VEJA MAIS
Artistas executam obra de 49 metros de altura em prédio na cidade de Belém
A obra pública “Asase ye duru - A guardiã da Floresta e da Vida” é assinada pela artista Mina Ribeirinha e a produção executiva é do WBS, da produtora de arte urbana Tinta Preta. Recentemente, a produtora realizou pinturas murais representando elementos do Círio de Nazaré, além de outras artes urbanas, em bairros periféricos e barcos amazônicos.
A artista Mina Ribeirinha conta que “Asase ye duru - A guardiã da Floresta e da Vida” surge da sua vivência no coletivo de mulheres negras empreendedoras “Pretas Paridas de Amazônia”, um coletivo composto por 13 mulheres de idades e etnias diferentes, mães experientes e mães recém paridas, que trabalham neste território amazônico, moram em periferias e têm logísticas de vida diferentes.
Artista Mina Ribeirinha executa obra em prédio na cidade de Belém
“Essa vivência em coletivo me ensina bastante sobre a representatividade das mulheres na Amazônia, a manutenção das vidas, das nossas e dos nossos, para que a Amazônia permaneça de pé. Conviver com a ancestralidade presente em cada uma, a cada dia me conecta mais às redes de resistências femininas”, ressalta Mina Ribeirinha. A obra que será exposta no centro da cidade expressa questões importantes da Amazônia, como o sagrado feminino e as mulheres que vivem e trabalham para a floresta permanecer de pé, a justiça ambiental, a sócio biodiversidade e a sabedoria de aprendizados passados para a construção de um futuro autossustentável.
“Apresento nesta obra que remete à força da conectividade de mulheres, a Amazônia como uma mulher mãe, responsável por gerar a vida, parir a vida, que alimenta, nutrindo nosso povo com tudo que a terra, o rio e a mata dão. É de onde herdamos nossas forças, nosso jeito de fazer, nossas culturas, nossa ancestralidade, nossas sabenças”, explica a artista.
Mina Ribeirinha compõe a obra com referências ao rio em formato de útero e plantas aquáticas, como a mururé, que se conecta em rede e se alimenta coletivamente. Além disso, grafismos Adinkras encontrados em vários territórios remetem à comunicação visual ancestral presente em utilitários e nas arquiteturas amazônicas, casas de madeira de beira de rio.
“A obra traz um tom muito orgânico, com núcleos em cores vibrantes, traz tons terrosos, verde e amarelos para representar a natureza da Amazônia no intuito de capturar a beleza, dignidade e força das pessoas dessa região”, conclui Mina Ribeirinha.
leia também...